As cataratas de C.

C. podia dizer sobre a qualidade de cada encontro depois de examinar a umidade na sua calcinha. Ia sempre ao banheiro para fazer xixi e puxava a calcinha para perto dos olhos, depois de abaixá-la, quase metendo-a nas fuças, para examinar o tanto de tesão que tinha sentido, os burburinhos de pele roçando e as palpitações no meio das pernas, igualzinho como se tivesse coração batendo lá também (e tinha, é sabido). Se estava ensopada, fosse lá e repetisse. Melhor: consumasse o ato e experimentasse o indivíduo de vez. Tinha sopa, tinha orgasmo. Se estava só meladinha, dava certo ainda mais uma chance, quem sabe. É que nenhum molhadinho deveria ser desprezado, porque nem sempre os bons amores começavam já em cachoeiras. Agora, veja: se não tinha coisa nenhuma, vade retro, nhem, nhem. Tinha nada que perder tempo. Ilustração de Allison Duarte @alduarte666 E foi assim mesmo, sempre muito sistemática, que C. descobriu o absoluto amor da sua vida. É que ...