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Mostrando postagens de agosto, 2018

Mamacita

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Deus y o gato estaban do otro lado do quarto, quando o amorcito disse que yo pedisse qualquer cosa, qualquer cosa que eu quisesse. “Una casa para mamá”, eu falei. Ele sonrió. “E para você?” “O mundo todinho.” No día siguiente, ele arrumou, pelo teléfono, una casa novinha en barrio decente y silencioso, toda para mamá, enquanto cagaba com a porta abierta y ouvia canciones de Facundo Cabral. Yo preparava o café na cocina, que já estava cheirando, sentindo una felicidad que me hacía querer saltar pela ventana y criar asas antes da caída, amando aquele homem y sus fluidos como jamás tinha amado otra criatura no passado. De todas, todas as muitas conocidas até sua llegada. O amorcito não era rico, pero organizado. Sabia planejar y realizar futuros como se yo fosse dona de todas as cosas queridas y reina de todos os lugares que visitávamos. De todas as geografías com que fui sorprendida, dentro y fora do Brasil y de volta ao Chile, onde ele me encontrou tantos

Quem tem medo da morte?

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  Visitei uma clínica de tanatopraxia – prática de conservação de corpos para velórios e traslados – em busca de inspiração para a escrita de meu novo conto, Guarda-me bem e me ama também A morte, veja só, sempre foi assunto que me fascinou. Não de maneira mórbida e assombrosa; mas desafiadora. Foi aos treze anos, quando perdi meu irmão mais velho para um acidente de moto, que compreendi, pela primeira vez, que a vida não era infinita. Foi também a primeira vez que tive depressão e, acredito, enfrentei episódios de grave ansiedade. De lá para cá (hoje tenho vinte e sete anos), tenho vivido meus dias sempre tentando me educar a esse respeito, uma educação para a morte , aprendendo sobre as concepções desse fim, as fases do luto e a inevitabilidade de sua chegada. Foi por isso que decidi visitar a clínica Hórus, que fornece serviços de tanatopraxia. Eu queria escrever um conto que versasse, de algum modo, sobre esse assunto e, tudo de que eu me lembrava, além da minha própria exp

O casal do 4º andar

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Havia a respeito deles, repousando sobre a mesa de jantar da nova síndica, pelo menos uma meia dúzia de reclamações formalizadas em ofícios e boletins de ocorrência, com caráter de urgência, denunciando uma diversidade de atos obscenos. Além disso, aquela pobre mulher já tinha recebido um abaixo-assinado rubricado por algo em torno de trinta condôminos, bem como outras queixas, de natureza oral, mais vigorosas e emocionadas, "Um absurdo! Eles não têm vergonha na cara, esses despudorados?!", teria exclamado uma senhora, horrorizada, depois de vislumbrar o casal andando nu pelo apartamento, com todas , repare, todas as janelas escancaradas. De qualquer apartamento do terceiro ao quinto andar do prédio da frente era possível vê-los. Nádegas e peitos, barriguinhas expostas, pepeca e jeba, armados para o mundo ou não, em pelo, imagine!, para ver televisão, cozinhar, fazer as refeições ou se espatifar em bolinagens sobre o sofá vermelho. O vizinho de baixo, senhor E., pro