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Crônica de um amor embolorado

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A s coisas ficaram mais claramente embaraçadas quando ela me apresentou à mãe e nos reunimos para jantar à mesa da cozinha, como uma família. Virei genro um segundo depois. Àquela altura ela já havia dito, inclusive, que me amava. Havia ali uma ânsia, um desejo ardente de estar sempre por perto. De dormir junto sempre que eu a visitava. De ter uma vida sexual amorosa e agitada. Não é que tudo isso fosse um conjunto abominável de problemas. Absolutamente não. O problema é que a intensidade não era recíproca; e os poucos dias de idade conferiam à coisa toda uma sensação de irresponsabilidade e precipitação que me esmagava o peito e desordenava, como alguém que, sujeito a grandes velocidades, sofresse de forte confusão mental. Eu gostava dela. Dos seus traços harmoniosos e da boca bonita, vermelha. Do nariz pequenininho cheio de gotículas de suor. Do modo de gesticular que negava os ares infantis. Da risada de timbres perfeitos, musicais, dessas que fazem a gente querer abraçar aper