O seio da mulher amada



Tu gosta, assim?, ele perguntou, massageando o mamilo dela com a língua e os lábios, em círculos e idas e vindas que bem poderiam durar para sempre, até a morte, esta pequena todos os dias invocada pelos ardores que a mulher sentia no profundo do corpo.

Humhum, ela respondeu gemendo, agarrada à própria consciência das coisas, por medo de deixar de compreender o que sentia nos seios, enquanto uma espécie lúbrica de desespero crescia no meio das suas pernas.

Que biquinho gostoso, ele dizia, que peitinhos deliciosos, continuava, a boca faminta sugando, lambendo e dando mordiscadas.

A mulher desfalecia como que perdendo os sentidos, mas sendo arrebatada de volta no último segundo, para outra vez experimentar a luxuriosa tortura à qual era submetida.

O homem, apaixonado pela tarefa de adorá-la, não tinha pressa nenhuma, mesmo sabendo da urgência com que a mulher desejava ser tomada por ele.

Me come, ela pedia, a voz rastejando em baixíssimos decibéis, feito um arquejo esperançoso à visão do fim do mundo.

Ele a ouvia, mas não obedecia. Continuava brincando com os seios dela, em lambidas ritmadas, e não deixou que ela levasse a própria mão até o sexo encharcado, para livrar-se da aflição que a desvairava no baixo ventre. Segurou-a com força.

Me come, eu imploro…, ela pediu mais uma vez, o corpo espasmando, vulcânico, diante da possibilidade do gozo desde a língua nas aréolas, os bicos das mamas em máxima excitação.

Você quer que eu te coma?, ele inquiriu, ela fez que sim, a boca seca entreaberta, É mesmo?, o homem provocou, passeando a língua até a cintura, umedecendo a penugem tingida de dourada em direção aos sabores íntimos da mulher.

Que bocetinha linda você tem, ele disse, olhando-a de baixo, antes de mergulhar com sede no gosto da mulher que se oferecia e contorcia, ansiosa com o vislumbre do gozo, mas amedrontada com o anúncio de sua chegada.

E o homem praticou ali maravilhas com a boca, mas apenas o bastante para ainda ter tempo de fazer aquilo pelo que a mulher tanto pedira, penetrando-a e preenchendo-a e sentindo-a preparar-se para o fim tão próximo, à espreita desde antes.

Você me come tão gostoso, ela desfalecia, então apregoando o destino daquelas coisas: vou gozar, amorzinho, vou gozar muito gostoso…

Goza pra mim, ele vindicou, exigindo dela o que queria para si como seu de direito, mas sabendo em seu íntimo que ela era a dona daquelas águas, as dela e as suas.

E a mulher gozou, um gozo alto, livre, o corpo ascendendo sobre os lençóis, circunscrito no eterno daqueles segundos, como uma santa alçando-se à morada dos desejos.

O homem beijou-a satisfeito, feliz pelo bom trabalho, e deixou-a descansar do imenso labor, mas só por um pouco, pois sabia que ainda haveria de ofertar o próprio gozo em regalo ao enlevo da mulher.


Ilustração de @aeroquadros

Comentários

  1. Lembra o conto da Hilda Hilst sobre "O Bar do Bico" rsrs ... no livro CARTAS DE UM SEDUTOR no capítulo "Os novos antropofágicos", só que esse seu conto é o ato em si e suas positividades, mas com a Hilda é tragédia rsrs .. enfim, fica o convite para ler ...

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  2. Curioso que, durante a leitura, a mente me transportou a vozes, como uma narração. Parabéns!

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  3. Estou aqui pegando fogo 🔥 que tesão uma delícia de conto!!!

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  4. Ótimo conto, bem instigante e excitante, cheio de desejo e tesão.

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  5. Santo gozo contido , pagamento do meu doce escalar pelos teus montes, jardins, delícia, carícia plenas, tu me pagas me fazendo descansar em teu corpo sagrado

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  6. Nossa maravilhosa você uma curandeira!

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  7. Parabéns, escreves muitíssimo bem !!

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