Mamacita


Deus y o gato estaban do otro lado do quarto, quando o amorcito disse que yo pedisse qualquer cosa, qualquer cosa que eu quisesse.

“Una casa para mamá”, eu falei.

Ele sonrió. “E para você?”

“O mundo todinho.”

No día siguiente, ele arrumou, pelo teléfono, una casa novinha en barrio decente y silencioso, toda para mamá, enquanto cagaba com a porta abierta y ouvia canciones de Facundo Cabral.

Yo preparava o café na cocina, que já estava cheirando, sentindo una felicidad que me hacía querer saltar pela ventana y criar asas antes da caída, amando aquele homem y sus fluidos como jamás tinha amado otra criatura no passado. De todas, todas as muitas conocidas até sua llegada.

O amorcito não era rico, pero organizado. Sabia planejar y realizar futuros como se yo fosse dona de todas as cosas queridas y reina de todos os lugares que visitávamos.

De todas as geografías com que fui sorprendida, dentro y fora do Brasil y de volta ao Chile, onde ele me encontrou tantos anos para trás, a minha favorita vivia en nosso cuerpo fundido, amalgama de delicias en ebullición.


Ilustração de Carol Gomes
@_entrelinhas.art

El gato negro, único en casa, descansava com sus ojos sobre nós todas as veces que hacíamos amor. Eles observavam atentos las sombras dançantes nas paredes y o movimiento sobre a cama, com pouca luminosidad.

Y aqueles grandes ojos amarillos seguiam o passeio da lengua de amorcito quando molhava meu ombliguito y o meio das minhas piernas, ou de volta à barriga e aos peitos, y sus ouvidos quedaban nos ruídos destes animais doutra espécie que nosotros somos, pero lambendo um ao outro como hacen los felinos.

Otro dia, massageando o culito de amorcito com a lengua, encontrei los ojos do gato nos meus, avaliando meu ofício muy atentamente.

Entonces meu espírito ascendeu: virei gata.

Amorcito gemia, gemia, gemia. Y minha lengua subia e descia, já noutras partes dele, minhas patas e dentes seguindo os rastros úmidos en su piel, que derretia debaixo da aspereza molhada desta arma quente que algunos de nós tenemos dentro da boca.

Amorcito cerrou los ojos y travou. “Ah, mamacita!” Su gozo veio como a lava de un volcán ardente, quente y explosivo. Amorcito uivou, incendió y morreu.

Después dessas cosas, decidiu llevarme para unas islas no Pacífico que yo sempre quis conocer. Que alegría!

Lembrei la noche anterior y entendi, igual aos antiguos egipcios, que Deus estava no gato. Y que Él era a minha testemunha.


Nota: A escolha pelo portunhol na narrativa deve-se ao desejo de caracterizar uma personagem oriunda de um país latino, mas que vive há algum tempo no Brasil e, por razões não importantes, comunica-se dessa maneira. Aproveito para dedicar o conto (e agradecer) ao meu amigo latino (cujo nome vou suprimir, porque tem gente curiosa demais e ele não é dado como eu) pelos toques com relação ao idioma e por viver sozinho com um gato jajajaja.

Também dedico esta história ao Clube de Leitura Erótica da Confeitaria Sublime, pela inspiração para escrever, mais uma vez, sobre culitos.



Comentários

  1. Amei! O portunhol. Esse texto ficou gato demais. Te amo kah! Usterd mora no meu corazón.

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  2. Bem... um texto carregado de referências.
    Irei tentar passar como li o teu texto, ou as referências, que associei a ele.
    “Uma casa para mamá” eu falei”
    Começo com Pablo Neruda, que tinha uma particular atração pela casa ideal, ou a criação de um espaço sagrado. Como “La Sebastiana” que construiu em Valparaiso (ou La Chascona). Em 1973, apenas doze anos depois de Neruda ter completado a construção de sua "casa da alegria", suas portas foram fechadas pelo regime militar e só voltaram a funcionar depois de 1992.
    “uma felicidade que me hacía querer saltar pela ventana y criar asas antes da caída”
    "Ya no pensemos más: ésta es la casa:
    ya todo lo que falta será azul,
    lo que ya necesita es florecer.
    Y eso es trabajo de la primavera."(Pablo Neruda)
    “cagaba com a a porta aberta y ouvia canciones de Facundo Cabral”
    já tinha, em tempos bem distantes ouvir falar do cantor Facundo Cabral, mas fui ver e reler, e claro a Wikipédia ajuda também.
    Em jovem foi marginal, internado num reformatório de onde fugiu. Mais tarde encontrou Deus nas palavras de Simeão, um velho vagabundo, por fim foi assassinado na Guatemala depois de um concerto. Influenciado, no lado espiritual, por Jesus, Gandhi e Madre Teresa de Calcutá, na literatura por Borges e Walt Whitman, sua vida toma um rumo espiritual de observação constante em tudo o que acontece em seu redor, não se conformando o que vê, durante sua carreira como um cantor de Música Popular e, toma o caminho da crítica social, sem abandonar o seu habitual senso de humor. (esta parte final é da Wikipédia)
    Mas o grande êxito musical dele “ "No Soy De Aquí, Ni Soy De Allá" ele também fala de Las Ventanas
    “Me gusta el sol y la mujer cuando llora
    Las golondrinas y las malas se??oras
    Saltar balcones y abrir las ventanas
    Y las muchachas en abril”
    “El gato negro, único en casa, descansava com sus ojos sobre nós todas as veces que hacíamos amor... encontrei los ojos do gato nos meus, avaliando meu ofício muy atentamente.
    Entonces meu espírito ascendeu: virei gata”
    No Antigo México e no Egito, eram considerados animais sagrados, uma vez que estavam relacionados ao culto da deusa Bastet (Deusa egípcia de fertilidade). Na Inglaterra vitoriana, considerou-se que, se os recém-casados se encontravam com um gato preto, isso simbolizava prosperidade no casamento. Os marinheiros acreditavam que ter um gato a bordo lhes traria boa sorte. Além disso, suas mulheres costumavam ter uma em casa, pois isso parecia "garantir" que seus maridos voltassem em segurança para suas casas após a travessia.(aqui apenas um aparte), porque a discrição do falatio, de uma maneira rápida e curta diz tudo.
    Espero que a viagem tenha sido para Bora Bora, Havaí ou Vanua Levu, Carmencita.
    Por fim, quanto ao portunhol, lá terás as tuas razões, o que é certo é que deu ao teu texto aquele tango, iria para o Libertango tocado por Astor Piazolla.
    Casa, las ventanas, o gato, o portunhol, num texto como disse carregado para mim de referências e como de costume muito elegante. Gostei sim. Felicitaciones Kah.

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  3. Mais uma vez, fantástico! O portunhol foi um toque de charme e deixou a história mais rica!

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